Nenhum órgão de comunicação é inimiga de qualquer gestão pública. Ou pelo menos não deveria ser. Empresa de Jornalismo, no entanto, tem seu lugar diferente daquele, ocupado pelos que estão no poder. E não se dobrar aos poderosos é uma de suas grandes missões. Árdua, difícil, perigosa às vezes, mas necessária sempre.
Assim deve ser porque o jornalista que merece exercer esse ofício é o olho da sociedade que vê para além das notas de esclarecimento. Que escuta para analisar os discursos. Que compara para ver incongruências. Que analisa para mostrar possíveis erros. Que investiga para que a sociedade não seja lesada.
Nos tempos atuais em que a maioria dos governantes tem interesse em deslegitimar o trabalho jornalístico, em desacreditar os meios de comunicação sérios, pouca gente demonstra interesse em ver para além das lives, postagens e vídeos de quem tem o poder. Financeiro, de mando e de manipulação. O maniqueísmo, lamentavelmente, tem ditado as regras em nosso país.
Por essas e outras razões que fazer jornalismo sério, ético e honesto tem sido cada vez mais perigoso. Porque uma nota, uma fala, uma postagem de quem tem esses poderes pode colocar em risco a integridade, a história e até a vida de quem está dizendo a verdade.
É por tudo isso, por exemplo, que a gestão Allyson Bezerra (União Brasil) deve um pedido de desculpas público aos órgãos de imprensa que tem cobrido, com a seriedade que o caso exige, com a responsabilidade que jornalistas honestos empregam e com a clareza que a órgãos de comunicação sérios atuam, o caso São Tomé x Prefeitura de Mossoró.
A gestão Allyson Bezerra deve tal pedido, que pode ser feito por live, vídeo, postagem ou nota, porque a gestão municipal induziu, com a nota oficial de sexta-feira passada, 19/1, as pessoas a acreditarem que o Jornal de Fato, a Gazeta Mossoró, O Mossoró On Line, a FM 98,7 (Rádio Cidadania), o Blog do Edilson Damasceno, o podcast Baião de Três e este Boca da Noite estariam divulgando fake news quando denunciamos que havia irregularidades na licitação ganha pela São Tomé Distribuidora. Irregularidades essas admitidas pela própria gestão municipal, inclusive informadas por ela ao Ministério Público.
O trabalho sério desses veículos, aliado à fiscalização assertiva dos vereadores Tony Fernandes, Paulo Igo (Solidariedade) e Omar Nogueira (Patriota) impediu que a gestão Allyson Bezerra sofresse possível prejuízo financeiro porque a empresa com a qual ela tinha contratado demonstrava, desde o início, que não estaria agindo de boa-fé. Evitou que o município fosse lesado. Livrou que a sociedade mossoroense fosse penalizada.
Porque é para isso que serve o jornalismo. Porque como defendem Kovachi e Rosenstiel, “a principal finalidade do jornalismo é fornecer aos cidadãos as informações de que necessitam para serem livres e se autogovernar”. Em outras palavras, a função social do jornalismo é contribuir para que as pessoas não sejam engrupidas, iludidas, ludibriadas.
Venha ou não o necessário pedido de desculpas da gestão, o Boca da Noite seguirá praticando o Jornalismo, contribuindo com a sociedade – a gestão municipal inclusa – para que ela não seja enganada, caloteada, engabelada, engazupada. Porque foi para isso que foi criado o Boca da Noite. E assim seguiremos agindo. Porque é esse o tipo de jornalismo que contribui para uma sociedade justa, plural e democrática. Fora disso, quem divulga informações sem os cânones do Jornalismo não passa, como apregoou o saudoso Millôr Fernandes, “de armazém de secos e molhados”.
Nota do Blog: A gestão municipal, com o papel de trabalhar pelo povo, de representar a sociedade mossoroense tem a responsabilidade de se pronunciar, pedir desculpas para a população. Venha ou não o necessário pedido de desculpas da gestão, a Gazeta Mossoró seguirá praticando o Jornalismo, contribuindo com a sociedade – a gestão municipal inclusa – para que ela não seja enganada, caloteada, engabelada, engazupada. E por fim, a gestão deveria ordenar, aos seus lacaios, a massive divulgação da real situação, assim como fizeram com a grande mentira.
Por: Márcio Alexandre.