A auto-organização das mulheres sempre foi central para a organização geral dos movimentos sociais e desempenha, de maneira incisiva, um papel de protagonismo nas conquistas marcadas na história e aquelas que a história escolhe não contar. Dentro disso, nós, mulheres estudantes, temos uma tarefa central de organização e atuação dentro das universidades, mas, também, para além delas. Em tempos de coaptação de nossas pautas pelo neoliberalismo, é central disputarmos à concepção de feminismo que pautamos, apresentando um feminismo popular e antissistêmico que, em aliança com os movimentos populares,seja capaz de apresentar uma agenda política de transformação da vida das mulheres estudantes, do povo brasileiro e que enfrente nosso principal inimigo hoje: a extrema direita.
As mulheres sempre estiveram à frente das lutas populares, e na história recente do Brasil não é diferente. Durante esse último período dos governos Temer e Bolsonaro, lutamos desde o princípio contra o avanço do fascismo e do conservadorismo, contra a militarização de nossas vidas, corpos e territórios, comprometidas com a luta pela autodeterminação dos povos e um mundo livre das guerras, em solidariedade internacional à Palestina.
Com a retomada democrática a partir da eleição de Lula há uma nova agenda colocada, pautada pela necessidade de avanços concretos para a vida do povo. Nas universidades, isso significa a construção de um projeto político-pedagógico que coloque a vida das mulheres no centro, enfrentando as múltiplas violências machistas que se reproduzem na esfera acadêmica, com uma política específica de assistência estudantil que atendam nossas demandas, e currículos que reconheçam à multiplicidade de vozes e saberes que constituem a produção de conhecimento no Brasil e no mundo.

Para garantir a nossa agenda política pelo bem viver, sabemos que o único caminho é a auto-organização e mobilização permanente! No último Encontro de Mulheres Estudantes (EME), lançamos a cartilha de enfrentamento à violência contra as mulheres na universidade para coesionar a luta contra a opressão. A cartilha não só expõe a violência contra a mulher e suas diversas formas, como também também afirma: Queremos um ambiente universitário acolhedor e seguro para todas nós!
Reafirmamos o Encontro de Mulheres Estudantes da UNE como uma dos mais importantes instrumentos das estudantes brasileiras para construir formulação e alternativas para as nossas vidas! É nesse espírito que convocamos o 11° EME da UNE, nos dias 29, 30 de novembro e 01 de dezembro, em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Nosso encontro tem como mote “Irreverência feminista para mudar o mundo: radicalizar a luta e transformar as vidas das mulheres”, transformando assim nossos desafios e bandeiras em luta e esperança coletiva.
O 11º EME da UNE terá como eixos centrais: o debate ambiental, perpassando a luta contra o avanço das transnacionais e os modelos de energias renováveis que violentam nossas vidas e territórios; a luta em combate às violências contra às mulheres, com foco central no assédio no âmbito das instituições de ensino e fora delas; assistência estudantil e permanência das mulheres estudantes nas universidades, trazendo destaque a luta pela derrubada do decreto 997 de 1993, que proíbe a abertura de novas creches universitárias; e autonomia dos nossos corpos e liberdade sexual, com centralidade na luta pela garantia do aborto legal e seguro.